sábado, 27 de janeiro de 2024

Carta a Ti


O amor é frágil como límpido cristal

Quebrado, o coração sempre senti 

A mão no desenho da alma, o postal

Que ao ler o teu nome, apenas dormi


Profundo, o sonho é pura obra de arte

Na galeria exposta, aos olhos sábios 

Saboreia o amor eterno, na união parte

Colado na saliva da paixão, teus lábios 


Finos na perfeição de quem quer beijar

O cupido do amor fere ânsia em te ver

Na dança da vida, um quarto é amar

Nos detalhes por ti, três quartos é sofrer


Envio a ti esta carta, sóbria quase vazia

De amor impuro no registo que assinei

Pela mão minha tal verdade que sentia

Esvaneceu na noite gélida, e acordei

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Aquela Viagem

 

Última viagem, à tua cidade talvez

Sentida no cansaço dos teus passos

Reúnes família, em volta dos porquês

Como qua formar a roda de abraços

 

Anos que tempo renasce no passado

Com a esperança, sob o olhar á janela

Visita velho jubileu, na cadeira sentado

Rouco nas palavras enrolado na flanela

 

O passeio reabre memórias distantes

Guardadas numa variável de solidão

Com mensagem, passam no pó errantes

No respeito pelo sono, sonho de gratidão

 

Entre sono, o sonho, fica aquela saudade

De ser jovem livre a voar em pensamento

Nesta última viagem, bengala é mocidade

Que guarda no peito, valioso Testamento

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Tua Angola

Quando olho os teus olhos azuis claros

Vejo África terra vermelha ardente única

Provo sabores picantes coloridos raros

Cheiro dias de chuva nu, calor da túnica


Narrativas contadas ao criptar da lareira

Invadem jango, na noite quase fria ao luar

Com estrelas a iludir, conversa na esteira

Convida orion a descer horizonte, e zungar


Ilumina lá longe, presença da mona cubata

Que denuncia dança antiga, bem africana

Roda pés descalços, no trilho da Humpata

Ao encontro da mumuíla "digina Kassana" *


Sonâmbulo nas curvas da Leba a serpente

Guarda serra majestosa cujo olhar consola

Sinto o orgulho do passado, sabor d`gente

Vejo nos teus olhos África, vejo a tua Angola



*nome Kassana - Kimbundo



quinta-feira, 16 de março de 2023

Apelo

Faço da minha dor um poema

Faço da tua lágrima um rio

Lavo minha alma na calema

Em dias que sereia está no cio


Apelo ao escuro a luz do dia

Na revolta das ondas do mar

Que na areia fina, palavras cria

Segredos escondidos a contar


Chamo teu nome quando penso

Coisas pequenas, mas com valor

Escondidas, encobertas com lenço

Transparente, vermelho de sabor


Ó quanta embriaguês, certeza boa

Nos lábios rosados d'amor vadio

Canto letra biblica, a escarnio soa

Como soneto rasca, cheiro a bafio

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Entranhas do Sonho

Um livro que página tem na capa
História do labirinto curvo da vida
Que percorre às cegas, sem mapa
As entranhas do sonho, agora lida


Começa no nada o sono embrião
Lançado à terra mãe tão semente
Medra ao mês, o sonho campeão
Quão frágil quebra, cria inocente


O sonho revela como este conto
Expressa vontade de virar a folha
Que ao cair com estrondo, o ponto
Rebente a pele, e esprema a bolha


Liberta sentimento como mangue
Ao provar o doce sabor do brilho
Encandeado, cego, tateia o sangue
E descobre que o sonho é, seu filho

A convite mais uma vez da Chiado Books, este foi o resultado

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Mar & Alma


Aquele punho desliza sobre mesa
Agarrando a pena de fino recorte
Marca a carta, no destino presa
À garrafa q’na viagem, só aporte

Carrega palavras ricas de quietude
Que prosam no silêncio lá, na areia
Um romance não amor, mas virtude
Escrito nas ondas de sal da Sereia

Salpicos sofredores caem no papiro
Amarelado quase sóbrio cor de calma
Cambaleando ao vento, agora defiro
Aprovado na vontade, no mar de alma

Tem carimbo gravado em água incolor
A caixa de Pandora, selada pelo ar
Na candeia da lua, foge ao adamastor
Sob páginas escondido, alma de mar

Leio uma vez, no meio da confusão
Leio outra, agora, de mente  aberta
Procuro clareza no mar da imensidão
Encontro a paz que a alma desperta

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Entre o sono e o sonho


Entre sono, o sonho, um poema

Rabiscado na areia d’meus olhos

Prende a lágrima, abre a algema 

Com rugas do sol, parecem folhos 


Na inquietude fácil do desespero 

o sonho é um rude cabaz d’ideias

Que prospera na noite ao exagero 

Das horas que passam só, e alheias


O sono casado no escuro adormece

Na angústia de não acordar o poeta

E condene a rima que  o rejuvenesce

Ao declamar o conteúdo que o afeta


Um poema que cantado, sofre no ego

Da leitura exausta , às mãos do crivo

Passa de folha em folha, oro e pego

Entre o sono e o sonho, um livro

domingo, 3 de maio de 2020

Um Filme

Ainda sonho o argumento
Que jaz na mesa cabeceira
Marcado pelo pó do lamento
Uma falsa história, verdadeira

Parece mentira esta verdade
A tela que a todos adormece
Rasura o passo da liberdade
A febre, a quem dela padece

Esta película de novo formato
Tem uma bola azul, no desenho
Como símbolo, tem o anonimato
E pobres e ricos, no desempenho

Desperto do sonho, este drama
No altar, batizado de corona
Tem nome de vírus, esta trama
E a quem facilita, não abona

Enclausurado e só, é o lema
No tempo que demora, grita
Ao anseio do título deste tema
Confino o filme, corto a fita

terça-feira, 24 de julho de 2018

12 Anos Escravo

Sinto-me 12 anos escravo
De todo o demais ignorante
P'lo passado preto que gravo
Num presente que passa errante

Olho-me na aparência perseguido
Pela cor da maré, branco costume
Chicoteado, por palavras vãs dorido
Traído e tratado como estrume

Escuto-me no ruído do escuro
Que assola sanzala onde habito
Esconde relatos feitos no muro
Que sangra no silêncio aflito

Sonho-me a reclamar liberdade
A caminhar nu céu de deus
Pelo direito dos direitos meus
E de tudo o que é humanidade

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O outro lado

Ao lado do outro lado
O lado errado do avesso
Mora o amor meu amado
O amor um dia travesso

Prega uma partida sacana
Ao enganar bem enganado
Vai e volta numa semana
Mas agora está amarrado

É paisagem de sensações
Perdidas no vale dos dedos
Este tão amor vende ilusões
Compradas na banca dos medos

Morrerá um dia futuro
Comigo na idade deitado
Cansado, as mágoas aturo
Este amor, o outro lado 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Areal da praxe

Uma onda enrolada na capa
Salpica de preto o areal
De mãos sujas na cara, tapa
Lágrimas, a culpa dum ritual

Uma praxe pintada de dor
Revela história sem tradição
Na arte de fazer o doutor
Queima-se a fita, falta razão

Areal branco de curta idade
Traído ao excesso de confiança
Por mentes de tenra faculdade
Apanhados, adamastor alcança

Sentados de costas ao perigo
Arriscam tudo, a onda chegou
A roleta gira, sai amigo
O resto, tudo o mar levou

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Morte do poeta

No amanhã quando ceder
Olha para mim sem porquês
Ontem foi, deixou de ser
O agora não vendo, tu vês

Vejo o paraíso no teu olhar
Reflexo na retina minha mão
Que escreve a morte a cantar
E reza ao ego livre de religião

Não sintas, eu não sinto
O aperto no ventre da vida
Ignora o sétimo, fica o quinto
Para quebrar rotina descabida

É a morte dum bom poeta
Que jaz como mau da fita
Quis alguém, atingi a meta
Por ti morro, enrolado na xita

O teu nome

Atirei o teu nome ao ar
Na esperança que saisse coroa
Quis o destino que caísse no mar
Muito longe de Lisboa

Preso nas asas do vento
Livre na vontade de viver
Voou sobre a agua o alento
Imbuído da missão do saber

No sonho sempre balanço
Não sei para onde caír
Estendo a mão o nome alcanço
Atiro ao ar sempre a subir

Tem peso mas moderado
Caio torto, fico de pé
Acordo nu baralhado
Rabisco nome cheio de fé

domingo, 10 de novembro de 2013

A verdade de uma historia - ANA

Um dia igual a tantos outros, aborrecido, rotineiro, até que…
Uma criança, larga a mão da mãe, e dirigindo-se a mim, pergunta:
- O Sr, pode levar-me a mim e à minha mãe a casa? – a minha mãe não tem dinheiro agora, mas pode pagar outro dia? Sr. A minha mãe está muito cansada e não temos autocarro.(23H10)
- Levo-te, se me disseres o teu nome princesa.
- Ana, oiço alguém a chamar. Que estás a fazer?
- Mãe o sr. Taxista leva –nos a casa, por favor, diz que sim, estamos muito cansadas…
Vendo esta cena comovente abro a porta do carro e chamo:
- Ana, trás a tua mãe, e entra no táxi, por favor.
Os olhos da Ana brilhavam, enquanto os da mãe, estavam regados de lágrimas que tentava a todo o custo esconder.
- O sr. Já sabe como me chamo e agora quero saber como se chama o sr.
- Henrique, respondo.
- Muito prazer sr Henrique, a minha mãe é a Lucília.
Desenrola-se uma conversa difícil de classificar.
Fico a saber que o pai de Ana tinha morrido há pouco tempo e diz que é ela que toma conta da mãe, e que um dia vai ter muito dinheiro e que a mãe não terá de trabalhar mais.
Foi gratificante ver a ternura e o amor que esta criança nutre pela mãe.
No final, já á porta de casa e de semblante triste, Ana com voz quase imperceptível, diz:
- Sr Henrique a minha mãe não tem dinheiro para pagar mas prometo que assim que o trabalho dela lhe der dinheiro pagamos ao sr.
- Ana, depois de um dia de trabalho aborrecido, tu foste a melhor coisa que me aconteceu e eu não vou aceitar que pagues o táxi.
- Mas…sr Henrique, é o seu trabalho nós queremos pagar!!!
- Ana, tu nem imaginas a fortuna que acabaste de me dar, acredita. Com esse dinheiro compra um presente pra ti.
- Obrigado, Obrigado, Obrigado sr Henrique…mãe, vês, já podemos comprar iogurtes!!!
Fiquei sem reacção.
Lucília quase não teve permissão para falar, excepto para agradecer e dizer algo que me deixou ainda mais de rastos.
- Sr. Henrique, a minha filha tem leucemia…
A PORTA DO TAXI FECHOU-SE.


Ana, tu és uma lutadora, e um dia destes voltaremos a cruzarmo-nos… penso. Toda a sorte do mundo pra ti ANA. 
Esta história verídica aconteceu na Estação da CP de Oeiras.

domingo, 25 de agosto de 2013

ISABEL saudade

Saudade dos teus beijos
Do sabor do teu mel
De discutir os teus desejos
De te chamar amor, Isabel

Passeias em mim sorrindo
De totiço preso com cordel
Despreocupada cantas subindo
Às nuvens com o nome, Isabel

És boneca de pele sedosa
Como as pétalas de flor papel
Tens espinhos mas carinhosa
Guardas o nome de Isabel

Fecho os olhos vejo teu rosto
Cheio de charme e cumplicidade
Que brilha como o sol de agosto
A fazer lembrar ISABEL saudade

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Ponte do amor

Entre mim e ti, a ponte
Separa nosso orgulho ferido
Um amor que jorra da fonte
As lágrimas no leito perdido

Do quarto avisto esse rio
Onde corre o amor desfeito
Pergunto triste, se o viu
Responde mudo, sem jeito

Percebo, é o meu destino
A falar da minha justiça
Quando procuro novo inquilino
Acho uma paixão postiça

Desejo que a ponte desabe
E quebre para sempre o vazio
Para que este amor não acabe
A ponte que nos separa ruiu

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pecado

Quando pensar é pecado
O fruto é apetecido
Imagino-o descascado
Nas noites adormecido

Talvez pecado seja mulher
Que se olha com prazer
Com olhos de bem lhe quer
E pensamento em mexer

É um pecado maldoso
Ao querer passar a mão
Pois implica ser habilidoso
Para lhe agarrar o coração

Agarrar com vontade
Em sentir o seu sabor
E ao comer com saudade
Sou apelidado de pecador

Diário

Livro fechado reserva história
Que  guardo debaixo d'almofada
É o diário da minha memória
De relatos escritos de madrugada

São frases inventadas no soalho
Duma vida rica em segredo
Escondem as estrias do orvalho
Que escorrem nos traços do enredo

É uma novela trágica sem fim
Com personagens de várias cores
Vão ensaiando o papel por mim
Enquanto curo doença d'amores

Cambaleio bêbado mas não caio
Agarro ar no momento certo
Sôfrego respiro brisa de Maio
E agora sim, livro aberto

domingo, 21 de julho de 2013

Prostituta

Corpo liberto de sentimento
Prende a alma da indiferença
Convidada a mostrar o fomento
Por patacas dá a sentença

Em fila, chave abre a porta
Sem convite, entra a servir
De tesoura nas pernas, corta
Já lá dentro, lágrima a cair

Explicita dor no peito aperta
Realidade dolorosa e crua
Deitada na cama fria aberta
Olha o tecto, sentindo-se nua

Finda a tarefa de novo ela
Sozinha no mundo da labuta
A lembrança fica na janela
Onde mostra dotes de prostituta

Comboio

O comboio serpenteia a linha
Radiante leva toda a gente
Pára aqui, acolá, cabeças à pinha
Acena fumo ao vento poente

De chinelos calções ou gravatas
Todos apanham boleia do trem
Até aqueles que são os empatas
Que reclamam quando não vem

Garotos nos barões pendurados
Sacanas, grita a dona Chica
Fogem a rir despreocupados
Quando ao fundo avistam o pica

Fofocas fazem a conversa
Das tias que comentam o alheio
Descascam na vizinha sem pressa
Encantadas pelo excelente paleio

domingo, 12 de maio de 2013

Mãe

Brotaste no ventre meu feto
Fruto de semente mãe nascida
No conforto abençoado em afecto
Vive a esperança de nova vida

És mãe protectora do fruto
Inocente nos braços do teu colo
Sou frágil como diamante bruto
Seguras-me no peito meu consolo

Oh minha mãe, como és linda
Vejo tua luz de olhos fechados
Teu amor é ouro e não finda
Mesmo nos dias mais enevoados

Tuas lágrimas são doces de sal
Que correm nos trilhos da idade
Abençoadas por amor sem igual
Guardam para sempre a mocidade

sábado, 20 de abril de 2013

Cidade

Noite é noite, pois dorme
Calma escura, cidade quieta,
Barulhenta ou não, é conforme
O tempo,  enfim, a desperta

Semblantes tristes de motivação
Lutam contra suas misérias
Despercebidas as rugas da multidão
Denotam há muito falta de férias

Noite é noite, mas acorda
Rotina dos rostos está de volta
Correria desajeitada não engorda
Ouve desabafos na boca solta

Cava os bolsos de ar, procura
Migalhas feitas de nada, encontra
Lucidez mimada e sóbria atura
Cidade à beira mar como montra

Canção

Sentado, escrevo esta canção
Ritmada ao compasso da palma
Acompanhada nas cordas do violão
Pela palheta suja, louca d'alma

Notas desconsertadas em poema
Compõe dominó de pedras gastas
Alinhadas na ordem do tema
Rubricam autor de palavras castas

Receio vocábulos, significado vadio
Cantadas na boca d'algum calão
Deixadas na água, evaporam no rio
Nascem novas enquanto canção

Juntas, musica compõe melodia
De letra culta, tenra de infância
A idade é curta parece sinfonia
Assinada com o cheiro a fragância

quarta-feira, 21 de março de 2012

Acordo

Cómico de gaguês acorda acordo
De honra suposto irmão parceiro
Defender dialecto comum a bordo
Duma nau encalhada no caneiro

O ilustre ilustrado de sabedoria
Rege regras segundo seu intento
Ignora história d'anos de mestria
E orienta vela para o seu vento

De facto o fato d'ilustre figura
Amarrotado na essência d'objectivo
Encobre na mão suja, assinatura
Que aprisiona talento do fugitivo

Cadeado segura liberdade d'escrever
Autos separados pelo fosso d'oceano
Tenta palavras centenárias a morrer
Revolta despeja acordo pelo cano

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ideia Simples

Simples, é simples de conceito
Palavra de significado tardio
Remete teor, pinta proveito
Mosaico sentado ao desvario

Mão estendida, empresta gesto
De caridade simples de abono
Homenagem em silêncio, presto
Folhas nuas despidas de outono

Doloroso espasmo de respiração
Dá vida morna, quase dança
Cor é vádia, aposta emoção
Passo simples, faz a trança

Enlaça redondo, dedo no cordel
Prende lição escrita, na areia
Quadro desfaz, tinta de pastel
De tão simples grão, ignora ideia

sábado, 3 de março de 2012

Olhos nos Olhos

Eu,
Olhos nos Olhos
É medo
Olhos nos Olhos
É coragem
Olhos nos Olhos
É segredo
Olhos nos Olhos
É mensagem

Tu, Eu
Olhos nos Olhos
É descobrir
Olhos nos Olhos
É partilhar
Olhos nos Olhos
É sentir
Olhos nos Olhos
É abraçar

Eu, Tu
Olhos nos Olhos
É desejo
Olhos nos Olhos
É emoção
Olhos nos Olhos
É beijo
Olhos nos Olhos
É paixão

Tu,
Olhos nos Olhos
É amargura
Olhos nos Olhos
É querer
Olhos nos Olhos
É ternura
Olhos nos Olhos
É viver

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O tambor

O batuque do tambor
Dá ritmo a pés atrevidos
Que dançam ao sabor
Da farra quando bebidos

Do campo à cidade
Não importa a origem
O tambor é saudade
Floresta ainda virgem

O cheiro da terra
Confunde-se com mar
Com aragem da serra
O tambor a batucar

Cores do horizonte
De agradável odor
Levam para o monte
Os sons do tambor

Nostalgia

Noite ausente
Vaga mente
Conto sinto
Sentimento minto
Ciúme saudade
Desejo liberdade
Procuro caminho
Encontro ninho
Durmo só
Solidão dó
Tristeza dura
Escuridão pura
Espirito capaz
Luto paz
Amo amor
Acendo calor
Apago chama
Deito cama
Acordo penso
Bom senso
Hoje dia
Morro nostalgia

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Adeus à Tradição

Olho, noite fria e cálida
Sinto, chuva cheiro terra
Vejo, rosto de cor pálida
Corro, trilhos longo da serra

Acredito, vida minha amada
Vivo, emoções aos beijos
Sonho, fina voz delicada
Ouço, murmurar dos desejos

Escrevo, versos ao calha
Canto, poema de tristeza
Choro, alegrias da canalha
Abraço, encantos natureza

Amo, vazio sono saudável
Ignoro, boémia da escuridão
Bebo, gotas orvalho potável
Morro, Adeus à tradição

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sentimento

Paixão
Quando o inesperado apodera o olhar
A labareda em fogo expele o calor
Fantasia agride vontade de pensar
Ateadas as brasas nasce o amor

Amor
Mais belo sentimento que é nobre
Capaz de promover a felicidade
Não importa se rico ou pobre
É universal no reino da saudade

Saudade
Passado de lembrança em surdina
Da memória ambígua de recordação
A imagem da incerteza na retina
Transborda confiança na desilusão

Desilusão
O que parecia ser deixou de ser
A máscara cai partida ao chão
Cacos espalhados tentam esconder
Que afinal, apenas foi, uma paixão

domingo, 20 de novembro de 2011

Sinfonia

Anseio faz tocar riscado o disco
Sinfonia autor póstumo desconhecido
Salta de banda em banda causa risco
Empenado o prato ao ar esquecido

Grafonola encadeia tímpano sensível
No quarto auditório onde mora génio
Estridente acorda cadeira visível
Plateia vazia de ideias em vénio

Ritmo em marcha lenta a batuta
Dança ao comando de gesto ordenado
Movimento espontâneo segue conduta
Da pauta a leitura de notas afinado

Impiedoso nos poemas de nato talento
Surdo ouvido detecta guru musical
Acompanha melodia mostra estar atento
Espreme sopro, obtém resultado final

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Outono

Folhas coladas no céu em espiral
Rodopiam ao vento ocas de frio
Caem geométricas no gosto temporal
Formam soldado desertor sem brio

Campo de batalha livre de solução
Rói a corda apodrecida pela espera
Sabor amargo na perda da intenção
Dum acordo que tarda mas impera

Flecha em arco troca propósito o alvo
Corta o ar com zumbido que flutua
Diapasão emite som macio e calvo
Ao caír amortece dor, que amua

Aragem inquieta fria ou insegura
Encostada ao tronco prepara partida
Ratoeira enfeitada agarra imatura
Fantasma mulher de folhas vestida

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Coisa

Coisa é algo que é uma coisa
Sem nome com nome que escapa
Na memória de repente ele poisa
E aparece de mansinho à socapa

Essa coisa que nada se parece
Com nada e só com ela mesmo
Parece uma coisa que carece
De coisa vendida ao torresmo

Engana a coisa como sabe
Ao sabor da sabedoria do jogo
Lança o dado, mas não cabe
Apanha a coisa, lança no fogo

Em chama a coisa ela arde
Nasce pedra polida em loisa
Ardida ao sol no banho da tarde
Aproveita a noite volta a coisa

domingo, 9 de outubro de 2011

Meu Herói

Quero ser herói da tua jovem imaginação
Quero ser herói que voa nos teus sonhos
Quero ser herói que abraça teu coração
Quero ser herói aos teus olhos risonhos

Anos fora, de heroísmo ao sol perdido
Deambulo, deserto atitude que descuidei
Esqueço cabeça enterrada, areal fundido
Espicaçado de sentimento, lá acordei

Aceno a mim drogado, demoro a reagir
Mergulhado no suor, o medo quase tolhe
Tremo arrepiado ao pensar, quero fugir
Dirijo proa do destino, sentado no molhe

Sereno na indiferença da luta, arma cai
Acerta na ferida consciente, distância dói
Ao saber que tu és, que eu sou, teu pai
No final sempre serás tu, o meu HERÓI.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Passado

Topo do penhasco, obtenho o poder
Que se abate sobre minha existência
Dúvida contínua vaza, ao absorver
A luz redutora, fraca inteligência

Procuro significado que não avisto
Ao olhar cego, o fundo do abismo
Queda solitária magoa, mas resisto
Ideias rolam, quebram no sismo

Quebrada a linha, pensamento roubado
Dos anais da história ainda rascunho
Fantasma mórbido, assim chamado
Incompetente perco, força de punho

Força vã, no vale da comodidade
Da descendência, passado esquecido
Refugo da cave, liberta a saudade
Do embrião pequeno, agora crescido

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Multidão

Misturada a multidão insóbria na noite
Atropela pernas a compasso certo
Doridas no sinistro do cordão açoite
Ao rigor da medida passa perto

O sabor do pó oleia a gosto os poros
Que cobre os corpos vestidos a rigor
Dispostos no íntimo a ouvir coros
Chamam os nomes nus com rancor

Declamam gritos descabidos de razão
Ao outro que desconsertado os ignora
Mostram sentido ao caminhar pelo chão
Ponteiros do relógio apontam a hora

Madrugada longe coberta de nevoeiro
Preenche uniforme figuras mortas
Aragem fresca desperta o cheiro
Endireita da terra colunas tortas

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Passa...

Passo que passa na passada
Salta a saltar saltitante
Corre correndo e calçada
A passo que salta expectante

Espera que a espera seja hora
Passada a passo de correr
A tempo que o tempo é agora
Que passa sem tempo a viver

Vive a viver só, com graça
Na graciosidade de viver só
Só a viver espera que passa
O tempo hora, passa sem dó

Sem dó na pena que pena tem
Da dor que dói sem ferida
Passada a dor ela não vem
Corre o tempo, passa a vida

Rio Fado

Vamos falar de ti, rio fado
Proclamas na noite a solidão
Bebes juventude na bica do sado
Cantas faminto de inspiração

Deita pra fora mágoas doridas
Afinadas na beira do teu leito
Muitas são as lágrimas sentidas
Que brotam do rio, meu peito

Versos de fado, lisboa vadia
Correm na voz da água corrente
Dão alma ao silêncio que sacia
A sede do fado meu parente

Envolto em ti, o nó do xaile
Abriga o negro da noite ao luar
No palco da vida a passo de baile
Aprendem alegres os dois a cantar

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O puto

Nome, é o que falta ao puto
Que anda descalço na areia
Vende o ar à força do chuto
Quando na bola dá tareia

Fome disfarçada com gesto
Da bondade dorida no rosto
A lágrima carregada ao cesto
Duma infância rica em desgosto

Amanhã é longe, não existe
O agora é tudo, dia sobreviver
Mergulha no medo mas resiste
Sempre que esperança escureçer

Nome, é um puto sem tecto
Somente solidão lhe é fiel
Sentimento escondido no afecto
Nos seus olhos descobri... Miguel

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Emoções

Ao largo no oceano das emoções
Perco estribeiras a pensar em mim
Mergulho no sal, olhos vermelhões
Neste oceano imenso sem fim

O choro por nada o vento dispersa
No grito atirado ao céu entoa
Iludido na magia de tapete persa
Enfrenta as ondas em frágil canoa

Embalado na dimensão dum sorriso
Reflete a força invisivel do ser
Aplica a cura na vontade, é conciso
E emerge do fundo por novo viver

Triste oceano que engole o abraço
Apertado do sofrimento de amigo
Atiro à água a mágoa quando passo
Da ponte do oceano meu abrigo

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lisboa

Perdido, desnorteado aos trambolhões
Desci ao sul à sombra dos arbustos
Dei por mim acordado a olhar o camões
Com mãos nos bolsos a procurar tustos

Comprei tudo na minha imaginação
Apenas sobrou a vontade de mudança
Fiz contas aos números da razão
Soma apresentou, ganho de confiança

Negociei a tempestade do norte
Vim com metade da mão fechada
Convicto tinha a chave da sorte
Escorreguei, afinal não tinha nada

Invadido, sentimento de descoberta
Sonhava vaguear só, por aí à toa
Destino, sempre foi resposta incerta
Hoje o presente, mora em Lisboa

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sopro

Sôfrego de ar no peito apertado
Prevejo augúrio longe no futuro
De cristal a bola diz o passado
Preso na angústia, meio do muro

Solto suspiro a desejar que fuja
O ar que nas entranhas sofoca
Mistura entre os dedos cor suja
Resignado ao alto em mão convoca

As estrelas todas aqui reunidas
Separadas por si, igual distância
Correm nas veias como escondidas
Chegam ao fim com ar de ignorância

O fim é anunciado em papiro
Escrito no joelho enrugado de velhice
Na luz da candeia à entrada do retiro
Bate na porta e pensa... que patetice

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Amor agitado

Meu amor, urge em segredo
No orvalho, amanhece cedo
Espreguiça, como que a medo
Nas entrelinhas, é criança

Esverdeado, na esperança
Grita ao acordar, confiança
Depois de dormir, amansa
Consciente, faz pela vida

Enterra passado, terra batida
Queima carta, palavra sofrida
Sopra cinza, de forma contida
Liberta ego, anseia navegar

Agarra o leme, mãos a suar
Esbarra na rocha, à luz do luar
Não desiste, até o sol raiar
Amor agitado, ondas do mar

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Poeta

À vida o poeta dedica o seu poema
Ao poeta a vida oferece-lhe o viver
Juntos rodam a fita do cinema
De mãos dadas amam até morrer

Ao poeta o poema abre o horizonte
Ao poema o poeta dá sentimento
Juntos bebem da mesma fonte
Da inspiração fazem o momento

À solidão o poeta desperta a memória
O poeta na solidão recorda o passado
Juntos na fama escrevem a historia
Do romance a dois criam angustiado

Ao poeta o silêncio dá tranquilidade
No silêncio o poeta escreve poesia
Juntos na paz sentem a saudade
De ouvir no silêncio a melodia

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sê tudo...

Sê tu, promulga a tua existência
Procura o que encontras no meio
Acha o que procuras na demência
O holocausto claro, reside cheio

Sê claro, no domínio da sabedoria
Na tempestade interior da memória
Adormecida deixada só, à rebelia
Incapaz acordar, nada, tarde inglória

Sê nada, imaginar nada em nada
Pensar nada, suspender respiração
Vazio envolve nada, aura enevoada
Nada representa tudo, imaginação

Sê tudo, a duvida será nunca duvidosa
Quando na duvida o todo é mudo
Ouvir do interior a voz desastrosa
Certeza no eterno e sempre, sê tudo

sábado, 13 de novembro de 2010

Sou

Sou o que sou porque sou
Quando sou o que sou não sei
Sempre sou o que sou quando vou
Vou quando sou, logo serei

Sou o que sou mas em busca
Do eu que procura o que sou
Sou o eu do ser à cusca
Do ser do eu que amou

Amei quando fui o que sou
Amo o que sou e criei
Ao ser o que sou não dou
Tudo do que sou amarei

Penso que sou o que sou agora
Acordo quando sou mas em vão
Sou o que fui algures outrora
Afinal sou ou não sou, eis a questão!!!

sábado, 30 de outubro de 2010

Jogo de palavras

Pedras rolam quadradas no tabuleiro
Num jogo de palavras, peças de xadrez
A preto e branco coragem de cavaleiro
Atacam devagar, mas seguras de lucidez

Jogo de palavras que surge a jogar
Em fila indiana ordenada em escrita
Resultado é, estratégia a combinar
No fim xeque-mate, acabou, cita

Jogo mental de conteúdo desprovido
Sinuoso, esbarra no preconceito
Na segurança do pensamento instituído
Sobrevive na passividade do sujeito

É um jogo de atitude em bandeira
Com postura dum rasgo a acenar
Convida, sentado às costas da cadeira
Jogo de palavras... então vamos jogar?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Saber

Soneto cantado em fuga ignorante
Sentado à sombra sem ler ou pensar
Com experiência teoria é errante
Convencido por si, aprender a rimar

Linhas tortas alinhadas em prosa
De significado vários, nada perceber
Ao senso comum novo estatuto goza
Tentar inventar ao ler, sem saber

Poesia simples a balançar na confusão
Ganha sentido quando lida com alma
Aos mortais retira a lógica da razão
Quando na ignorância reina a calma

São histórias pobres contadas em verso
Que dominam mente vaga do sonhador
Governadas em delicado ambiente disperso
Expostas no museu, aguardam leitor

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cegueira

Neblina em meus olhos despidos
Mora cegueira cega ao não ver
Incapaz, enxerga sentimentos contidos
Escondidos, essência do ser ou não ser

Sopro o pó que paira invisível
No manto transparente amarrotado
Suspenso na retina o clic do fusível
Ilumina escuridão do dia ensonado

Oculto imaginação estendida na eira
À vista turva sem tipo de pudor
Regada a lágrimas secas à canteira
No regaço sinto tua, a luz sem cor

Hora, continuo adormecido e inerte
Em lotus, flor antiga e divina
Vivo na ilusão, ao ver desperte
Olhos cerrados doridos na neblina

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Avó...

Comecei ainda pequeno
A ouvir minha avó
Histórias a pão de ló
Enrolado no monte de feno

Não sei se é vocação
Mas gosto de escrever
Histórias a valer
Em vias de extinção

Hoje... tenho o bicho
Que a avó transmitiu
Do sangue não saíu
Mas nem por isso é lixo

Assim, é chegado
Momento de homenagem
Para ti, esta mensagem
Avó... obrigado

domingo, 29 de agosto de 2010

Somente...

Somente eu só
Na lua ao luar
Sem pena nem dó
De joelhos, rezar

Peço a ti perdão
Do nada que fiz
Sentido da oração
Somente a mim diz

A ti, minha bengala
De joelhos te adoro
Tua luz me embala
Somente te imploro

Olho tua grandeza
O poder de criação
Mundo em natureza
Somente na tua mão

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Só por HOJE...

Eu, sou ser bondoso
Sempre pronto em ajudar
Só por isso orgulhoso
Na diferença, aceitar

Eu, não me irrito
Simplesmente, aceito
Digo não ao conflito
E a raiva eu rejeito

Eu, trabalho arduamente
A energia universal
Peregrino consciente
Em amor incondicional

Eu, não me preocupo
Apenas quero amar
Meu coração não ocupo
Tristeza não tem lugar

Sou pleno de gratidão
Pelo pouco que tenho
Viver é uma bênção
Agradeço com empenho

Poder da Mão

É a minha mão
Segura-a com firmeza
Aplica-lhe convicção
E terás uma surpresa

É uma mão amiga
Nada tens a recear
Não sendo relíquia antiga
É valiosa a ajudar

Tem dom de curar
Mazelas e malefícios
Ajuda a superar
E tratar os teus vícios

Minha mão na tua mão
Absorve este poder
Esta é a canalização
Do teu grandioso ser

Duas almas

Duas almas unidas
No amor e harmonia
Partilham suas vidas
Comungam em sintonia

Coisas sem significado
É melhor nem ligar
São tempos passados
É hora de acordar

É preciso paciência
Para viver o dia a dia
E tomar consciência
Da nossa sabedoria

Vamos remar em frente
Sem medo da tempestade
E viver o presente
Em prol da felicidade

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Resposta de irmão

Esperava tua carta
A falar dessa paixão
Eu sei, e antes que parta
Sempre serei irmão

Sempre estarei contigo
Em qualquer momento
Considera-me teu amigo
Ainda mais no sofrimento

Na dificuldade reza
Na felicidade agradece
O dia a dia preza
Pois sempre amanhece

Deste teu irmão
Aqui vai um abraço
Cultiva nossa união
E dela faz um laço

Assino minha graça
Como sendo teu guia
A luz que em ti passa
É a minha energia

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ao irmão

Meu carissimo irmão
É com imenso prazer
E do fundo do coração
Que te estou a escrever

Tenho coisas pra contar
Novidades de verão
Talvez possas ajudar
E dar tua opinião

Finalmente o amor
Bateu à minha porta
Encontrei a flor
A cor? não importa

Sim, estou feliz
Como há muito não estava
Estou, como se diz
Nas nuvens, imaginava

Espero tua resposta
Estou curioso em saber
Lembras nossa aposta?
Esqueçe, vou vencer

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Curiosidade

Curiosa a curiosidade
Quando curioso eu sou
Interessante a dualidade
Na confusão que passou

Num passado não recente
Uma curiosidade curiosa
Gozava de calma aparente
Mas afinal era mentirosa

Curiosidade em saber
Por onde tinhas andado
A resposta não posso ter
Não sei do teu passado

Passado esse curioso
De amor e maleficios
Caminho sempre arenoso
Na curiosidade dos vicios

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Pedra Isa

Uma pedra preciosa
Que há pouco conheci
Pequena mas valiosa
Linda como nunca vi

Pedra cheia de energia
Cativante só de olhar
Brilha à luz do dia
À noite olha o mar

Pedra simples perfeita
De corte fino, delicado
Qualquer coração enfeita
Num peito apaixonado

Pedra de cor escura
Branca na palma da mão
Ensina o que é ternura
Nos dias de solidão

Sim, é maravilhosa
E tem o nome de ISA
Diz ser orgulhosa
Mas em nada indecisa

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A MENINA

Sentada triste a chorar
Desesperada nos pensamentos
Uma menina a recordar
Certamente seus tormentos

Pensa o que fazer
Talvez a ganhar coragem
Tem vontade de morrer
Mas receia a viagem

Mesmo assim dá o passo
Avança para o desconhecido
Logo acorda no regaço
Do seu Deus protegido

Uma lágrima no meu rosto
Não a consegui ajudar
Para sempre o desgosto
Sentada, triste a chorar

Esta é a tela
Da menina sem amor
Iluminada por uma vela
Agora, ao lado do SENHOR


Não tenho o hábito de comentar o meu trabalho, mas neste caso vou abrir uma excepção e perceberão porquê.

Como em muitas ocasiões, naquele dia não fugiu à regra, dirigi-me com o meu táxi à praça na expectativa de apanhar mais um cliente.
Encostei, desliguei o carro, e logo reparei numa menina,
sentada triste a chorar
Uma menina
desesperada mas calma
triste mas calma
a chorar mas calma
Trocámos um olhar, esboçou um breve sorriso ao qual correspondi e ela continuou...
sentada, triste, a chorar
Devia ter percebido que esta menina precisava de ajuda, precisava de alguém a seu lado, alguém que ouvisse o seu silêncio.
Eu não fiquei indiferente, mas não agi.
Deixei aquela menina
sentada, triste, a chorar
sozinha.

Alguns minutos passaram e quase sem me aperceber a menina,
já não estava sentada
já não estava triste
já não chorava
A menina,
mandou-se para a frente de um combóio.

Este relato, infelizmente, não é ficção. Aconteceu no dia 21JAN10 pelas 20H30, na estação da CP de Caxias, Oeiras.

Quando virem alguém,
sentado, triste, a chorar
não receiem em estender a mão, mesmo correndo o risco de serem criticados, porque esse, será o mal menor.

VIDA

A vida é um ritual
Que a todos abençoa
Reparte tudo por igual
Aos incultos não perdoa

Muitas vezes injusta
Mas mesmo assim é bela
Todos sabem quanto custa
Abrir uma simples janela

Outras vezes sortuda
Mas nunca se agradeçe
E quando a sorte muda
A vontade esmoreçe

A vida deve ser vivida
Sem qualquer preconceito
Ter orgulho na despedida
Por todo o trabalho feito

Louco

Acho que estou louco
Por alguém que conheço
Louco? sim um pouco
Mas louco não pareço

Talvez louco pela vida
E por tudo o que me dá
Embora seja sofrida
Vale a pena estar cá

Talvez louco por ela
Por tudo o que representa
Sempre de sentinela
Ao fugir, lamenta

Talvez louco por nada
Ou por tudo, não sei
Uma loucura acabada
Quando só, me afastei

A cabana

Tenho uma bela cabana
De telhado sem telha
Ao vento a porta abana
É uma casa velha

Rodeada de imensa verdura
No monte da felicidade
Protegida por armadura
É Deus na sua bondade

Sento-me no varandim
E aprecio o pequeno lago
O pássaro ri para mim
Enquanto suas penas afago

Á noite olho as estrelas
Na cabana do meu pai
Meu Deus, como são belas
Vistas do monte Sinai

Tempo

O tempo é paciente
Tem tempo para esperar
Pelo tempo que é parente
Do tempo a passar

O tempo sem hora
É bonito de se ver
Consegues ver agora, 
O tempo a correr?

Claro que não consegues
O tempo tu não vês,
O tempo tu persegues
Mas no tempo tu não crês

Tens tempo mas não tens
Porque o tempo já lá vai
A tempo tu não vens
O tempo não retrai

Tempo que é tempo
Sempre tempo ele tem
Mesmo sendo contratempo
É tempo ele também

Sendo contratempo
É uma grande confusão
Esta história do tempo
Dá-me cabo da razão

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Abraço

Anseio por um abraço
Não interessa de quem
Sem ele, eu nao passo
Pelo significado que tem

Um abraço acolhedor
Apertado de improviso
Que transmita o calor
O calor que preciso

Um abraço inocente
Talvez de amizade
Dele, estou carente
Abraça-me com lealdade

Vá, dá cá um abraço
E partilha tua alegria
Dela, dá-me um pedaço
E enaltece o  meu dia

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sol de Outono

Há sempre um sol
Por trás da nuvem
Pintado de caracol
A pincel, convém

Acorda ao amanhecer
Vitima de insónia
Vai ao anoitecer
Dormir à campónia

É um sol escondido
Timido, envergonhado
Doentio, encolhido
É um sol assustado

Às vezes lá aparece
Para cumprir a missão
Aos incautos aqueçe
As ideias da razão

domingo, 6 de dezembro de 2009

Escrevo

Porque escrevo amor
Porque escrevo paixão
Porque escrevo dor
Porque escrevo solidão

Escrevo o que sinto
O que vai na alma
Perdido no labirinto
Sempre reina a calma

Escrever por escrever
Escrevo porque quero
É minha fonte de viver
Escrever sempre espero

Escrevo a pensar
A pensar que escrevo
Escrevo a sonhar
Mas sonhar não devo

AMO

No cume de um monte
Aprecio a paisagem
Pôr do sol, horizonte
Linda esta imagem

A terra, o céu, o mar
Generosa combinação
Unidos para amar
E promover a paixão

Terra significa vida
De coração apressado
Ao sabor de cada batida
AMO, só apaixonado

Céu significa voar
Sentir asas do vento
Livre para sonhar
AMO, sempre tento

Mar significa tristeza
A maré da mudança
Nas ondas da natureza
AMO, com esperança

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Trimm


Quando o telefone trim
Fico momentos a pensar
Será que é para mim?
Ou será alguém a brincar?

Espero que seja o amor
A falar do outro lado
Logo levanto o auscultador
É engano, fico desolado

Mas continuo em alerta
Espero que volte a tocar
Trimm, a resposta é certa
Estou sim, podes falar

Fala, não tenhas medo
Podes ter uma surpresa
E assim o teu segredo
Poderá ser ... certeza

sábado, 7 de novembro de 2009

Rimas

São apenas umas rimas
Que escreves sem sentido
Palavras soltas que estimas
Serão da noite esquecido

Rimas que rimam triste
Suplicam alguém de olhar
Fundo que sempre viste
Poço que devias achar

Final rima com banal
Defeito por ti com efeito
Descalço como animal
Ofegante ar do peito

Assim por mais que torça
Palavras fogem a rimar
Estimulante que dá força
Escreves sim para superar

sábado, 31 de outubro de 2009

Moeda da sorte

Ali, uma moeda no chão
Sem ninguém a apanhar
Tem o valor dum tostão
Nada dá para comprar

Alguém a deixou caír
Ou talvez atirada à sorte
Ao pontapé quer fugir
Tão pequeno seu porte

Por todos foi pisada
Sem ninguém se importar
Olham, mas é ignorada
Dá muito trabalho curvar

Ningém sabe o poder
Desta moeda perdida
Quem a apanhar irá ter
Sorte para toda a vida

Para que saibam, eu apanhei a moeda, mas muitas outras andam por aí perdidas, apanhem-nas e... boa sorte.

sábado, 24 de outubro de 2009

Saudades de menino

Quando eu era pequenino
Fazia castelos na areia
Brincava a fazer o pino
Lia à luz da candeia

Quando tempo chuvoso
Folheava banda desenhada
Passava os dias desgostoso
À lareira de lenha queimada

Quando ía para a escola
O livro bem arrumado
Às costas ía a sacola
Na mão o lanche guardado

Hoje recordo meu passado
Saudade em ser pequenino
Quero voltar a ser ensinado
Bolas, quero voltar a ser menino

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sonho

Eu tenho um sonho
Um sonho de fantasia
Beijar teu rosto risonho
Tocar tua pele macia

Sei que é um sonho
Longe da realidade
Isso deixa-me tristonho
Sufocado de saudade

Saudade em esperança
De abraçar teu mundo
Este sonho de criança
É amor bem profundo

Bati à tua janela
E logo ela se abriu
Vi como eras bela
Assim o sonho partiu

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Esquecer-te

Tento em vão esqueçer
Teus olhos pérola escuros
Alegres cintilantes a viver
Regados de vida, puros

Tento em vão esqueçer
Momentos passados sós
Alegrias vividas a correr
Segredos partilhados, nós

Tento em vão esqueçer
O dia do teu aniversário
A vela que devia acender
Ficará guardada no armário

Mas... afinal não quero esquecer
Nem parar de sonhar,
Que um dia poderei ser
Tua almofada ao acordar

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Uma História

Era um dia depois
Uma historia d'encantar
Tu, eu, só nós dois
Felizes a passear

Tu, princesa Carolina
Eu, simples sonhador
Teu castelo na colina
É guardado por pastor

Um pastor de flauta
A arma da paixão
Não precisa de pauta
A compor na solidão

Toca d'olhos fechados
Improvisa na hora
Mexe dedos cansados
A flauta chora

É esta a história
Do pastor e Princesa
Para sempre a memória
De sua eterna beleza

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Larga-me....


Uma pedra no sapato
Mais anda mais aleija
Pica como um cato
Fere quando beija

Ainda calçada despida
Esconde-se à espreita
Esta pedra atrevida
No sapato se ajeita


E permanece teimosa
Contente em irritar
Cinica e caprichosa
No sapato a saltar


Agora que fazer,
sobre este precalço?
Será que devo sofrer?
Ou devo andar descalço?

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Meu Amor


Por ti, subo montes
Montanhas e colinas
Salto velhas pontes
Pulo águas cristalinas

Venero-te de joelhos
Beijo o teu chão
Pinto teus espelhos
És minha devoção

Teu nome é sagrado
Vive no meu peito
Para sempre gravado
Meu eterno respeito

Sempre irei amar
E sentir o teu calor
À fogueira esperar
Por ti, meu AMOR...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Hoje contigo


Hoje estive contigo
Tremi com teu olhar
Amei o teu abrigo
Sofri ao te deixar

Fui embora desiludido
Não consegui falar
Como ando sofrido
Por tanto te amar

Juntos no pensamento
Separados na fotografia
Esperançado no momento
De te beijar, um dia

Estou triste mas agradeço
O gesto da tua mão
Quanto mais te conheço
Mais pequeno meu coração

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dois Corações



Dois olhares cruzados
A passear na calçada
Aos beijos abraçados
Felizes de mão dada

São crianças a sorrir
A viver o momento
Cumplices a descobrir
Tão nobre sentimento

De corações unidos
A bater despreocupados
Na paixão protegidos
No amor abençoados

Tu amor,és um querido
Diz ela a sussurrar
Responde ele comovido
Para sempre te vou amar

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Glória


Uma lágrima teimosa
Em seu rosto enrugado
Corre lenta vagarosa
De semblante carregado

São anos de história
Sentada no jardim
Tem o nome de GLÓRIA
Agora, perto do fim

É uma alma só
Rodeada de multidão
Vive sonhos de avó
Nos dias de solidão

Ainda assim seduz
Olhar tal maravilha
Pois, é um ser de luz
Á espera de sua filha

quinta-feira, 9 de julho de 2009

E depois...

Estou triste mas canto
Só para te ver sorrir
Marvilhoso teu encanto
De alma a persuadir

És mulher menina
A dormir no meu peito
Tens olhar de felina
Deixas coração desfeito

Alegras a minha vida
Com tua luz imensa
Rezo de mão erguida
Por ti, sempre compensa

És sedutora a dançar
Estendes-me tua mão
Pedes para te acompanhar
Ao som de nova canção

sábado, 4 de julho de 2009

Retrato


Sempre o teu retrato
Que olho sobre a mesa
Gravata suja no fato
Rugas, aparência pesa

Em céu negro a nuvem
Esconde-se na montanha
Estrelas, noite chovem
Retrato ilusão tamanha

Silhueta negra imaginária
Envolve retrato sombrio
Luz em roda contrária
Passado risonho sem brio

São anos de saudade
Alguém que não conheço
Apenas recordo,crueldade
Por karma que padeço

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sou Criança...


Sou criança a brincar
A jogar ás escondidas
Corro, só, à beira mar
Nas rochas escurecidas

Escrevo torto na areia
Simples palavras soltas
Anseio que alguem as leia
Antes das ondas revoltas

Sinto-me incompreendido
Limitado no meu espaço
Luto, luto enfurecido
Mas reclamo um abraço

O mundo que me rodeia
É demasiado complicado
Tenho sonhos de mão cheia
É tesouro bem guardado

sábado, 13 de junho de 2009

ART

ART espreita á janela
R epleto de luz e cor
T em vista para a capela
No horizonte o esplendor


Fica na encosta da serra
Rodeado de intensa frescura
Que charmosa esta terra
É Sintra linda e pura

Tem como missão
Ajudar a descobrir
A todos estende a mão
Um objectivo a cumprir

É como que por magia
Que toda a gente atrai
É uma boa energia
O lema é "AMAI".

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mentira

A dor da mentira
Pior que a verdade
Sem tempo nao expira
Afuguenta a liberdade

A mentira que fica
Para sempre marcada
Com descoberta suplica
Esconde-se na arcada

A mentira no erro
O erro propositado
Logo cravo o ferro
Em animal enganado

A mentira adormecida
Embrulhada na manta
Supunha estar esquecida
Mas afinal era santa

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Princesa


Um dia ela disse
Não me faças sofrer
Seu nome era Alice
Um amor a valer

Um amor verdadeiro
Repleto de cumplicidade
Flor do meu canteiro
A morrer de saudade

A saudade de olhar
Seu rosto suave e belo
Subir a torre gritar
Bem no alto do castelo

O castelo da princesa
Cheio de historia e traição
Ladeado de natureza
No monte da paixão
(Escrito em Jun2005)

domingo, 17 de maio de 2009

Beijo




Um beijo sentido
Aquele que me deste
Apaixonado contido
Para ti me quiseste

Um beijo sentimento
Que tocou no coração
Ganhei novo alento
Fugi da solidão

Um beijo envergonhado
Mas de intenso calor
Por mim apreciado
Ao sentir teu fulgor

De repente acordei
Pena, foi um sonho
Afinal o beijo que dei
Já nao volta, suponho

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Segredo

Quero falar contigo
Contar-te um segredo
Tu, que és meu amigo
Ajuda-me, tenho medo

Estou preso em nada
Luto para me libertar
Espero minha amada
Fujo para a evitar

Sinto falta dela
E do seu amor
Espero-a à janela
No fim do corredor

Quando ela passa
Olho-a com admiração
Penso, que linda loiraça
Esqueçe, é ilusão

Este é o meu segredo
E o que estou a sentir
Talvez ainda cedo
E continuo a fugir

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Penso demais

Penso a pensar
Pensar que penso
Penso que amar
Amar penso imenso

Penso que amo
Amor a fugir
Logo o tramo
Amor a surgir

Tempo a passar
Amor retraído
Continuo a pensar
Sempre distraído

Sim, ainda penso
Mas não a pensar
Que mesmo tenso
Amo sem amar

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sonhos, Amor, Esperança



Dia de sol a chover
Sonhos, Amor, Esperança
Vontade de vencer
Espirito de liderança

O leme está pesado
De sonhos adormecidos
Que antes eram amados
Mas agora esquecidos

Uma tempestade de amor
Em águas torbulentas
Que atravessa a vapor
O sonho das tormentas

A navegar na esperança
De um novo amanhecer
Sopram sonhos de mudança
Em ti, está a chover

domingo, 12 de abril de 2009

Quem és tu?

É doce no olhar
Comovente no sorriso
Mãos suaves a acenar
Brilhante cabelo liso

É loiro luzidio
Beleza maravilhosa
Suave e macio
Que pedra preciosa

Ás vezes de trança
A pender em seu rosto
Tem ar de criança
Cabelo bem composto

Fez-me esqueçer
Por instantes o passado
Voltar a querer viver
Enfim, apaixonado