domingo, 21 de julho de 2013

Prostituta

Corpo liberto de sentimento
Prende a alma da indiferença
Convidada a mostrar o fomento
Por patacas dá a sentença

Em fila, chave abre a porta
Sem convite, entra a servir
De tesoura nas pernas, corta
Já lá dentro, lágrima a cair

Explicita dor no peito aperta
Realidade dolorosa e crua
Deitada na cama fria aberta
Olha o tecto, sentindo-se nua

Finda a tarefa de novo ela
Sozinha no mundo da labuta
A lembrança fica na janela
Onde mostra dotes de prostituta

Comboio

O comboio serpenteia a linha
Radiante leva toda a gente
Pára aqui, acolá, cabeças à pinha
Acena fumo ao vento poente

De chinelos calções ou gravatas
Todos apanham boleia do trem
Até aqueles que são os empatas
Que reclamam quando não vem

Garotos nos barões pendurados
Sacanas, grita a dona Chica
Fogem a rir despreocupados
Quando ao fundo avistam o pica

Fofocas fazem a conversa
Das tias que comentam o alheio
Descascam na vizinha sem pressa
Encantadas pelo excelente paleio