quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Entre o sono e o sonho


Entre sono, o sonho, um poema

Rabiscado na areia d’meus olhos

Prende a lágrima, abre a algema 

Com rugas do sol, parecem folhos 


Na inquietude fácil do desespero 

o sonho é um rude cabaz d’ideias

Que prospera na noite ao exagero 

Das horas que passam só, e alheias


O sono casado no escuro adormece

Na angústia de não acordar o poeta

E condene a rima que  o rejuvenesce

Ao declamar o conteúdo que o afeta


Um poema que cantado, sofre no ego

Da leitura exausta , às mãos do crivo

Passa de folha em folha, oro e pego

Entre o sono e o sonho, um livro

domingo, 3 de maio de 2020

Um Filme

Ainda sonho o argumento
Que jaz na mesa cabeceira
Marcado pelo pó do lamento
Uma falsa história, verdadeira

Parece mentira esta verdade
A tela que a todos adormece
Rasura o passo da liberdade
A febre, a quem dela padece

Esta película de novo formato
Tem uma bola azul, no desenho
Como símbolo, tem o anonimato
E pobres e ricos, no desempenho

Desperto do sonho, este drama
No altar, batizado de corona
Tem nome de vírus, esta trama
E a quem facilita, não abona

Enclausurado e só, é o lema
No tempo que demora, grita
Ao anseio do título deste tema
Confino o filme, corto a fita