quinta-feira, 26 de maio de 2011

O puto

Nome, é o que falta ao puto
Que anda descalço na areia
Vende o ar à força do chuto
Quando na bola dá tareia

Fome disfarçada com gesto
Da bondade dorida no rosto
A lágrima carregada ao cesto
Duma infância rica em desgosto

Amanhã é longe, não existe
O agora é tudo, dia sobreviver
Mergulha no medo mas resiste
Sempre que esperança escureçer

Nome, é um puto sem tecto
Somente solidão lhe é fiel
Sentimento escondido no afecto
Nos seus olhos descobri... Miguel

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Emoções

Ao largo no oceano das emoções
Perco estribeiras a pensar em mim
Mergulho no sal, olhos vermelhões
Neste oceano imenso sem fim

O choro por nada o vento dispersa
No grito atirado ao céu entoa
Iludido na magia de tapete persa
Enfrenta as ondas em frágil canoa

Embalado na dimensão dum sorriso
Reflete a força invisivel do ser
Aplica a cura na vontade, é conciso
E emerge do fundo por novo viver

Triste oceano que engole o abraço
Apertado do sofrimento de amigo
Atiro à água a mágoa quando passo
Da ponte do oceano meu abrigo

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lisboa

Perdido, desnorteado aos trambolhões
Desci ao sul à sombra dos arbustos
Dei por mim acordado a olhar o camões
Com mãos nos bolsos a procurar tustos

Comprei tudo na minha imaginação
Apenas sobrou a vontade de mudança
Fiz contas aos números da razão
Soma apresentou, ganho de confiança

Negociei a tempestade do norte
Vim com metade da mão fechada
Convicto tinha a chave da sorte
Escorreguei, afinal não tinha nada

Invadido, sentimento de descoberta
Sonhava vaguear só, por aí à toa
Destino, sempre foi resposta incerta
Hoje o presente, mora em Lisboa