terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A MENINA

Sentada triste a chorar
Desesperada nos pensamentos
Uma menina a recordar
Certamente seus tormentos

Pensa o que fazer
Talvez a ganhar coragem
Tem vontade de morrer
Mas receia a viagem

Mesmo assim dá o passo
Avança para o desconhecido
Logo acorda no regaço
Do seu Deus protegido

Uma lágrima no meu rosto
Não a consegui ajudar
Para sempre o desgosto
Sentada, triste a chorar

Esta é a tela
Da menina sem amor
Iluminada por uma vela
Agora, ao lado do SENHOR


Não tenho o hábito de comentar o meu trabalho, mas neste caso vou abrir uma excepção e perceberão porquê.

Como em muitas ocasiões, naquele dia não fugiu à regra, dirigi-me com o meu táxi à praça na expectativa de apanhar mais um cliente.
Encostei, desliguei o carro, e logo reparei numa menina,
sentada triste a chorar
Uma menina
desesperada mas calma
triste mas calma
a chorar mas calma
Trocámos um olhar, esboçou um breve sorriso ao qual correspondi e ela continuou...
sentada, triste, a chorar
Devia ter percebido que esta menina precisava de ajuda, precisava de alguém a seu lado, alguém que ouvisse o seu silêncio.
Eu não fiquei indiferente, mas não agi.
Deixei aquela menina
sentada, triste, a chorar
sozinha.

Alguns minutos passaram e quase sem me aperceber a menina,
já não estava sentada
já não estava triste
já não chorava
A menina,
mandou-se para a frente de um combóio.

Este relato, infelizmente, não é ficção. Aconteceu no dia 21JAN10 pelas 20H30, na estação da CP de Caxias, Oeiras.

Quando virem alguém,
sentado, triste, a chorar
não receiem em estender a mão, mesmo correndo o risco de serem criticados, porque esse, será o mal menor.

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